sábado, 6 de junho de 2009

Natalie Bookchin - The intruder (1999)
















Programas: Director, Photoshop, Sound Edit 16
Palavras-chave: Borges, jogo, rede, narrativa http://www.calarts.edu/
O jogo em http://bookchin.net/intruder/index.html





Desde o seu aparecimento nos anos 1970, os jogos de vídeo e de computador tornaram-se não só um modo de entretenimento extremamente popular, como também uma importante forma de cultura No entanto a sua frequente natureza violenta tornou-os também uma matéria de frequente debate. The Intruderé um projecto interactivo na Net que, segundo as palavras de Natalie Bookchin, «parece um jogo mas de facto é um comentário crítico aos jogos de computador e ao patriarcado». O trabalho de Bookchin baseia-se num conto de 1966, de Jorge Luís Borges, também chamado «The Intruder» - um conto obscuro de prostituição, ciúme fraternal e violência contra as mulheres, em que dois irmãos se apaixonam pela mesma mulher, a partilham, e a vendem para um bordel. A narrativa termina com o assassinato da mulher e a reconciliação dos irmãos.

Bookchin conta a história através de uma sequência de dez vinhetas tipo jogo, em que cada uma delas é modelada com base num jogo de vídeo anterior, como os Space Invaders, apresentando uma visão geral da história antiga Neste projecto o jogo de vídeo torna-se uma forma simbólica em que as acções, arquétipos, como apanhar objectos que caem, saltar e disparar, dramatizam o tema da curta história de Borges. Por exemplo, o sétimo segmento deste projecto parece-se com um dos primeiros jogos de vídeo, Pong, em que os jogadores controlam as raquetas para bater na bola que desliza pelo ecrã.

Na versão de Bookchin, a bola foi substituída pela silhueta de uma mulher de saias, imagens fotográficas do corpo da mulher nua aparecem no campo do jogo, enquanto uma voz feminina lê uma passagem da história de Borges. O jogador é envolvido na narrativa ao atingir a figura feminina de um lado para o outro, tomando simbolicamente o papel de um dos irmãos e realizando a cruel venda da mulher como se fosse um mero objecto. Ao combinar a literatura com os jogos, Bookchin constrói uma ponte entre a high art e a low culture, colocando em questão a distinção entre as duas, Este tipo de nivelamento é habitual na New Media Art.

Ao mesmo tempo, Bookchin parece sugerir que, quer como mulher quer como artista contemporânea, ela própria é uma intrusa no campo dos jogos de computador, dominado pelos homens. A habilidade da crítica de Bookchin reside nos paralelos que faz com a violência da narrativa literária misogenista de Borges e a violência e o sexismo que são ubíquos na maioria dos jogos.

A este respeito, The Intruder é característico da actividade de Bookchin, muitas vezes explicitamente política. Ela foi membro da ark, um colectivo de arte activista que se envolveu em intervenções de «media táctico», intervenções como GWbush.com, um site na Net que criticava a candidatura de George W. Bush à presidência dos Estados Unidos. Ultimamente, o seu projecto mais ambicioso, Metapet (2002-2003), é um jogo online em que os jogadores agem como directores empresariais, controlando os seus empregados geneticamente modificados e criados para incluírem um gene de obediência fictícia encontrado nos cães. Ao mesmo estilo de The Intruder, Metapet desenvolve uma crítica à violência patriarcal e à cultura corporativa.





Fonte: Tribe, Mark e Jana, Reena (2007). New media art. Alemanha: Tashen

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